quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

FIM

... é no final da tarde que minhas mãos tocam em você e não te encontram. Sua casa entregue à mim. Seus dedos por todos os cantos perfurando meu corpo. Saudade do pouco que sufocamos, mais eu, pela deslealdade horrorosa, que nos machucou até o fim. Sua voz que não mais me penetra através dos seus olhos, uma cama vazia de nossos corpos juntos e felizes, o fogão enferrujado pela falta dos meus manejos. Já estou longe e quero ficar, mais por indecência do que por vontade. Somos tristes agora e ontem e até que nos esqueçamos. Tudo é angústia e medo nessa espera de reencontro com o que sou, que deixou no seu corpo uma parte de mim que nunca mais voltarei a ter. Saio catando as partes sufocadas nos meus cantos, para me convencer de que sou novamente minha. Tento tapar as narinas para fazer passar o cheiro da sua pele em todas as minhas roupas, e sei, que terei de usar e lavar todas elas, durante muito tempo, até que esse cheiro escoe ralo abaixo. A água que cai do chuveiro me deixa ainda mais suja - é água sua, da sua casa, do seu suor. Sempre lindaa e sempre louca, te esqueço com a fúria das minhas entranhas pedindo o teu sexo, tua boca. Numa explosão insensata te mato e faço morrer a tua mulher. Já não é ela quem está aqui, já não é você o homem que eu amei.

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Ela preferia ser humilde e não à sua altura que era enorme: Lóri sentia que era um enorme ser humano. E que devia tomar cuidado. Ou não devia?