quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

vida...

Uma vez disseram à ela que a vida era passear, tirar um cochilo depois do almoço e se apaixonar desesperadamente sempre que possível... Ter um cachorro, uma casa onde os passarinhos possam visitar e muitas, muitas flores, principalmente jasmim. Disseram também que para poder ser assim, era preciso esquecer de tudo isso, porque essas coisas acontecem quando a gente mesnos espera. Catarina se sentou em frente à janela e esperou até o dia em que tudo acontecesse sem querer, por acaso. Dona Catarina tinha uma vizinha, muito correta e determinada. Um dia elas se sentaram para tomar um chá da tarde e a vizinha lhe contou que tinha acabado de chegar à cidade um senhor alto, magro, que trabalhava no exército e tocava violão. A vizinha sabia do segredo, ou melhor, do destino que dona Catarina esperava todos os dias pela manhã e ao cair da tarde. Não concordando com a paciência de dona Catarina, a vizinha sempre tentava fazer planos e executar objetivos junto à dona Catarina para "agilizar" as coisas, como ela mesma gostava de repitir aos quatro cantos. A vida não tem ensaio, enquanto você está aí nesta janela, o destino vai tecendo suas teias conforme lhe dão a linha, dizia a franzina vizinha que, além de uma mãe reumática, uma irmã realmente louca e um pai cantor - de igreja é claro, pois ali não havia essa história de casa de shows - ainda sofria de menopausa precoce. Enfim, era uma mulher muito ativa, porém com poucas atividades que... bem... que... a fizessem se sentir viva e bondosa, pois, apesar de toda a desgraça que a rondava, ela jamais se preocupou com os membros de sua família, e vivia como se com eles não morasse.
Bem, um belo dia, o tal rapaz de fora apareceu. E como ja disse: tocava violão. Isso quer dizer que, possivelmente faria uma serenata caso se apaixonasse. Ah, sim, esqueci de dizer, o homem pelo qual dona Catarina se apaixonaria pelo resto da vida, seria de fora e lhe faria uma serenata no segundo encontro - informação que fazia a vizinha tremer diante de um violeiro. Os dias foram passanndo e o tal homem de fora acabou conhecendo a vizinha e no intuito de fazer com que dona Catarina se aproximasse dele, acabou ela mesma recebendo a tal serenata. Dona Catarina passou a noite toda aos prantos, rogando pragas e mais pragas contra a franzina mulher. Mas o pior foi depois, quando a vizinha além de lhe mandar o convite de casamento, pediu que ela fosse madrinha, pois sem o destino de dona Catarina ela jamais teria se dado conta do seu.

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Ela preferia ser humilde e não à sua altura que era enorme: Lóri sentia que era um enorme ser humano. E que devia tomar cuidado. Ou não devia?