segunda-feira, 14 de julho de 2008

fatos inverídicos - a vertigem

Uma luz saindo por trás de uma coroa de flores iluminava a sala onde sua avó paterna estava sendo velada, sua mãe tinha ido buscar um café, era madrugada e todos foram descansar para retornar as dez horas. Horário do enterro. Na sala estava somente ela, seu pai e sua mãe, esta última mais por consideração à sogra que ao ex-marido. As duas eram como mãe e filha, um amor profundo. Emmanuelle se dirigiu ao corpo da avó emoldurado por cravos amarelos.
- Vó, tem uma escova para me emprestar?
A avó ficou surpresa e sem responder colocou a escova em suas mãos pequeninas que faziam jus aos seus cinco anos, sentou na beirada da cama e ficou observando a neta suspender os cabelos, alinhá-los simetricamente em direção ao alto da cabeça e envolvê-los com uma borracha tirada com destreza do punho direito, uma pequena conferida, nenhum fio fora do lugar e agora o toque final: uma fita azul turques amarrada em laço, caía por cima do rabo-de-cavalo.
- A senhora também vai tomar sorvete de massa com o vovô e eu?
Aquele dia foi o início de uma cumplicidade e admiração mutúa entre a avó e a menina. Embora morassem a mil quilômetros de distância uma da outra e só se vissem uma vez ao ano.
Sua avó gostava de ganhar perfumes. Cremes e os lençóis de sua casa cheiravam a confort fresquinho.

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Ela preferia ser humilde e não à sua altura que era enorme: Lóri sentia que era um enorme ser humano. E que devia tomar cuidado. Ou não devia?