- Diga ah!
- Diga oh!
- Diga ah novamente...
Um beijo. Eu não pensei e dei-lhe um beijo ali, em frente ao porta-retrato com a foto da sua família. Não eu não sinto vergonha, sinto um tesão incontrolável que, agora revendo os fatos, ainda me inquieta. Seus olhos brilhavam me pedindo isso e aquilo, a mais de meia hora. Estava nua por baixo do avental verde-claro. Quando ele se aproximou eu ja não via nada, apenas aquela boca. Vocês fariam a mesma coisa. Acreditem, se pudessem e não houvessem consequências, fariam. Ele afastou todos os livros da mesa, jogou sua família no chão e me comeu, me comeu com a fome dos monges, com o desespero dos puritanos. Ele ainda me ligou mais algumas vezes. Não, eu nunca mais o encontrei depois daquele dia. Sim, eu fiz questão de pagar a consulta.
Um comentário:
Ai Ju. Sem comentários. A cada dia que passa mais me surpreendo com isso aqui. Cada palavra, cada frase, cada gesto descrito com imensa precisão. Orgulho.
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